"Na Europa dos séculos XVI e XVII, a trepanação craniana era empregada sobretudo para aliviar males ligados ao cérebro e ao sistema nervoso. Cirurgiões e barbeares-cirurgiões perfuravam o crânio com brocas manuais na crença de que liberavam humores nocivos ou “espíritos malignos” responsáveis por distúrbios mentais, como a loucura, epilepsia e convulsões. Além disso, a prática visava reduzir dores de cabeça intensas e tratar sequelas de traumas cranianos, ao permitir o escape de pressões internas. Ao contrário do título provocativo que sugere relação com dores abdominais, a trepanação nunca foi indicada diretamente para problemas digestivos, mas sua fama de intervenção milagrosa acabou permeando diversos relatos médicos da época. Hoje, esse procedimento arqueológico nos lembra as origens rudimentares da neurocirurgia."